sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sempre que pergunto "leste o livro?" e alguém me responde com um "Não, mas vi o filme", sei que estou perante mais uma das alminhas mentalmente pouco capazes desta sociedade. Ver o filme não é o mesmo que ler o livro. Não é, nunca foi, nunca há de ser.Um filme não é mais que a visão pessoal do realizador sobre o livro, e um livro está sujeito a infinitas interpretações, tantas quanto as pessoas que o lêem e até a interpretações múltiplas da mesma pessoa, consoante os momentos da vida em que se está a ler. Claro que um filme também está sujeito a muitas interpretações diferentes, mas a experiência do audiovisual é sempre menos completa e mais limitativa que a experiência da leitura. Já para não falar que há livros que tiveram diversas adaptações ao cinema, por isso, quando alguém diz que não leu o livro, mas viu o filme, às vezes é preciso perguntar: "E o filme que viste, foi a versão de 1978? A que foi realizada pelo Spielberg? Ou o remake de 2002?" (claro que eu nunca pergunto isto, porque me estou bem marimbando para os filmes e nunca sei se um filme teve mais que uma versão nem quem o realizou ou quem são os actores que entram nele). Por isso, da próxima vez que eu perguntar "Leste o livro?" e me forem a responder "Não, mas vi o filme", não respondam, está bem? Ou então digam só que não leram o livro.

domingo, 14 de julho de 2013

It's Heartbreak Hotel

Fazem parte das coisas que eu não entendo, nem quero entender: aquelas pessoas que vivem o fim das relações como se de um drama shakesperiano se tratasse. São as que andam a arrastar-se pelo chão mesmo em frente aos nossos olhos e a correr atrás do objecto amado com o intuito de se espojarem aos pés dele/a, só naquela de viverem o prazer de serem espezinhados/as uma segunda ou terceira vez, que a humilhação é uma coisa bonita e da qual a malta sádica tira grande prazer. São aquelas que juram que nunca na vida hão de amar mais ninguém porque aquela era a sua pessoa, a única certa, todas as que virão depois não serão mais que segundas opções de fraquíssima qualidade. Porque nunca houve amor como o delas, ninguém amou tanto como elas amaram, e é perfeitamente justificável e compreensível que só porque alguém lhes deu com os pés deixem de comer/de dormir/de trabalhar e basicamente desistam da vida e de tudo neste mundo. Tudo isto é magnificamente ampliado pelo facebook, glorificado em status minados de erros ortográficos, publicados com em jeito de indirecta e que em última instância servem apenas para anunciar ao mundo que se é uma pessoa triste e deprimente e incapaz de enfrentar as dificuldades de cabeça erguida e peito cheio. 

Ou melhor: entendo, mas acho parvo. Não entendo a necessidade de anunciar ao mundo que se falhou (sim, porque quando falha um, falham os dois), e muito menos que nos deram com os pés mas que somos pessoas tão tolas e com tanta falta de amor próprio que ainda vamos atrás de quem não quer nada connosco. 

Esta história de andar a levar com a dor de corno dos outros irrita. Por mais miserável que se seja a miséria enfrenta-se de cabeça levantada, nunca de fronha a arrojar pelo chão e a rastejar aos pés dos outros.


Já agora, eu sou apologista da terapia do chocolate e bolachas.

I've been a very bad girl...

Ontem saí do trabalho e com o pretexto de estar esganadíssima de fome fui ao Continente do Colombo comprar qualquer coisinha para me alimentar e, já agora, procurar uma agenda, que os caderninhos de notas que tenho usado como agenda acabaram e não se justifica comprar outro caderninho que provavelmente não duraria até ao fim do ano (missão impossível, as únicas agendas que há à venda estão na Fnac e na Bertrand e são CARÍSSIMAS. Acabei por comprar outro caderninho de notas para fazer as vezes de agenda). Andava eu a deambular pelo Continente quando dei de caras com um expositor de vernizes da Essie a 9,99€, todos com 2,5€ de desconto em cartão. Já há meses que andava doidinha por experimentar os vernizes da Essie, mas colocavam-se dois problemas: 1- São vernizes caros como o raio; 2- Não são fáceis de encontrar. 

Acidentalmente, ficaram os dois problemas resolvidos ao mesmo tempo: os lindos vernizes da Essie ali mesmo à mão de semear no Continente; com o desconto em cartão não pesam tanto na carteira e posso sempre descontar o valor mais tarde em mercearias e coisas realmente úteis e necessárias.

Apesar de ter gostado de imensas cores decidi que levaria apenas UM verniz pois prometi a mim mesma que este mês era nada de compras, mesmo estando aí os saldos e as lojas cheias de coisas giras a preços catitas e tal e coiso eu não sou rica e não há realmente nada que me faça mesmo muita falta por isso não há razão para comprar mais roupa e sapatos ou o que seja. A escolha acabou por recair no Splash of Grenadine, um rosa muito fofinho que me lembrou uma caneta de cheiro que tive quando andava na escola:



Uma das coisas fantásticas desta cor é que não é bem rosa. Nas unhas é um lilás lindo e amoroso e diferente de todas as cores que já me vi na minha humilde vida. Não foi só a cor que me deixou surpreendida e contente. Este é simplesmente o verniz mais fácil de aplicar que eu tenho. Nem sequer precisei de usar um cotonete embebido em acetona para retirar o excesso de verniz dos dedos como faço habitualmente, as duas camadas de verniz ficaram perfeitinhas logo à primeira! Segunto ponto u-a-u: cerca de sete horas depois de ter pintado as unhas o verniz ainda não lascou nem um bocadinho, e eu já lavei a loiça e fui às compras. Qualquer outro verniz já teria começado a soltar-se nas pontinhas por esta altura, mas este menino continua firme no seu sítio (é de notar que pus uma base por baixo primeiro, mas isso faço sempre, com todos os vernizes que tenho). Cheira-me que a durabilidade vai ser boa. O único ponto contra que encontro é que não é muito rápido a secar. É verdade que não promete ser um verniz de secagem rápida mas se dou dez euros por um verniz estou à espera que ele seja excelente em todas as frentes: cobertura, facilidade de aplicação, durabilidade e tempo de secagem.

Gostei tanto que hoje à tarde voltei ao Colombo para comprar outro Essie, desta vez o Nice is Nice. E só não trouxe mais nenhum porque sou uma mulher sensata e gosto de manter o dinheiro na carteira (não parece, eu sei). E só ainda não experimentei o Nice is Nice porque de momento tenho pés e unhas com Splash of Grenadine.



sexta-feira, 5 de julho de 2013

Não há melhor maneira de acordar...

...do que com o despertador do meu colega de casa a tocar ininterruptamente durante 10 minutos.

Nem foi a coisa de acordar, que eu bem precisava de acordar cedo, mas sim o irritante que é ouvir aquele "pi-pi-pi-pi,pi-pi-pi-pi,pi-pi-pi-pi" durante 10 minutos consecutivos. E só parou porque eu fui lá bater-lhe à porta e mandá-lo calar aquela coisa, que eu já não aguentava e os vizinhos de cima e de baixo de certeza que já tinham acordado também.

Eu juro que dez minutos a ouvir aquela m*rda de despertador me deram vontade de começar a chorar. Sou especialmente sensível à falta de silêncio, em particular nas alturas em que ando cansada ou ansiosa, e a existência de barulho constante nesta casa tem me dado cabo dos nervos de uma maneira que não consigo sequer descrever. Se eu não me pisgar daqui nos próximos meses acho que me pisgo mas é desta para melhor.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Lisboa, Lisboa

Eu tenho uma relação de amor-ódio com esta cidade. Em abono da verdade se diga, ultimamente a relação é mais de ódio que de amor. Penso que o meu principal ressentimento tem a ver com a dificuldade de encontrar condições de vida dignas nesta cidade quando se tem recursos financeiros escassos. São os senhorios desonestos e que só querem aproveitar-se para chular dinheiro e que ainda acham que nos fazem um enorme favor por nos deixarem viver num quarto alugado ilegalmente numa casa velha e a cair de podre. Depois há um rol de imensos outros problemas: são as ruas desarrumadas, sujas, a salganhada de prédios de estilos arquitectónicos tão díspares, as ruas cheias de pessoas idosas que vivem como se toooooda a gente tivesse toooodo o tempo do mundo, os vizinhos de idade cuja única preocupação nesta vida é o que se passa dentro da casa dos outros, as passadeiras que abrem durante 3 segundos para os peões e 5 minutos para os carros, o constante apelo ao consumismo e a falta de sítios agradáveis para passear (em Lisboa, tudo o que há de interessante para fazer implica gastar dinheiro), o vaivém de gente que está a ir ou a vir do trabalho (mesmo que seja o meu dia de folga, sou imediatamente transportada para o escritório), enfim. Cidade caótica, desarrumada, tão cheia e simultaneamente tão vazia. Apesar disso, não consigo deixar de guardar no coração os edifícios bonitos, as avenidas largas, os recantos por descobrir, os restaurantes simpáticos. Mas sem dúvida que Lisboa é muito melhor para visitar do que para viver.