terça-feira, 27 de maio de 2014

Tem dias em que acho que a minha vida não podia ser melhor nem que eu quisesse

Chegar a casa e empreender aquele gesto tão habitual que é abrir a caixa do correio.

Ver uma carta de aspecto e tamanho invulgar no meio da papelada.

Abrir.

Perceber que é um EDITAL em nome de um tal de Luciano que não conheço de lado nenhum mas que suponho ter sido inquilino nesta casa, a avisar que dado que o sr. Luciano não quer pagar o que deve à Credibom e que anda em paradeiro desconhecido, vão penhorar os bens na última morada que lhe é conhecida, que só por acaso é a MINHA CASA.

Não imaginam o choque.

Subi as escadas do prédio a tentar controlar-me, mas já a sentir o pânico a assomar-me à garganta, entrei em casa e larguei em pranto, histérica, o desespero todo a vir ao de cima.

No meio da choradeira consegui lembrar-me de uma colega de trabalho ter contado que já passou pelo mesmo, e aí vai de pagar no telefone e fazer uma chamada para o trabalho, a pedir o número da tal colega. 

Claro que a solução é muito simples, basta mandar um email ao senhor agente de execução com uma cópia do meu contrato de arrendamento, a fazer prova que o caloteiro já não mora nesta casa e não tem nada a ver comigo, por favor mantenha os seus capangas longe da minha casa.

Vou esperar pelo dia de amanhã para atacar de novo o telefone do solicitador responsável pelo processo, que à hora a que liguei já estava o escritório fechado. Quando me consegui acalmar lá fui reparando nas discrepâncias: o edital é de Dezembro de 2013, diz lá que o executado tem trinta dias para responder, pagar a dívida ou opôr-se à execução (não deviam já ter penhorado o meu frigorífico?),e, no site da internet onde é suposto o edital ter sido publicado, não consigo encontrar nada relativo ao processo nem à pessoa em questão. Parece-me que isto é um caso qualquer que já foi à vida, ou o sr. Luciano Caloteiro já foi apanhado e devidamente penhorado ou decidiu saldar o calote e virar pessoa honesta, mas o meu susto foi tanto que se algum dia apanhasse o incumpridor à minha frente, juro que lhe daria uma sova que lhe valeria a ele o hospital e a mim a prisão.

Eu não ganho para estes sustos, meu Deus.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Tem dias...

Em que me sinto mesmo triste por não ser uma pessoa de mais posses e poder fazer um tratamento homeopático a estas minhas alergias. Eu normalmente vivo bem com isto, acho até que incomoda mais os outros do que a mim (há sempre alguém que diz "Mas tu estás sempre assim?", "Lá vem ela com o lencinho!", "Nunca te cansas de estar doente?" - já nem considero isto doença, mas enfim), prefiro mil vezes a minha rinite alérgica ao cancro e à hepatite e à asma e doenças afins. Mas depois há aqueles dias em que acordo às três da manhã com o nariz tão tapado que nem respiro, e basta meia hora para ficar com o nariz todo em ferida e a cara a doer-me como se me tivessem esmurrado, e aí sim, gostava de ter um pouco mais de dinheiro para poder cuidar um pouco mais da minha saúde. Os tratamentos convencionais não resultam, deixam-me a cabeça pesada como se alguém tivesse substituído o meu cérebro por um calhau, têm uma eficácia reduzida e efeitos secundários que não compensam.

Gostava de experimentar a homeopatia, que conheço pessoas que já experimentaram e garantem que compensa cada cêntimo investido. Mas, a vida é o que é e eu sou uma pessoa pobre e enquanto as minhas finanças forem dando para um aerius de SOS, já me posso considerar feliz.