quarta-feira, 30 de julho de 2014

Nada melhor para me fazer sentir burra...

...do que uma prova de aptidão numérica.

A sério: o meu cérebro dá tantas voltas, sempre sem chegar a lado nenhum, que eu acabo por desistir e escolher uma resposta ao calhas.

domingo, 27 de julho de 2014

Confirma-se: sou louca

Numa época em que toda a gente se queixa do desemprego, em que só se fala da falta de trabalho, em que há milhares de desempregados inscritos nos centros de emprego e mais outros tantos que desistiram de sequer procurar trabalho, eu despedi-me. Despedi-me, sem direito a subsídio de desemprego, sem nada que me sustente a não ser as minhas poupanças, o dinheiro que todos os meses punha de parte para o mestrado, que agora vai ser usado para me aguentar durante estes próximos tempos. Despedi-me sem nada à minha espera e sem nada para me agarrar a não ser as minhas parcas economias. Despedi-me porque tenho não um sonho, mas uma ambição: trabalhar na minha área. Sempre fugi dos estágios não remunerados (acredito que o trabalho deve ser pago e também eu tenho contas para pagar todos os meses), mas depois de um ano de lengalengas e trabalhos de segunda percebi que tenho de dar o corpo à palmatória e mudar as minhas prioridades, por isso aceito este sacrifício de corpo e alma e entrego-me ao desafio, não sem medo mas cheia de vontade de mudar. Despedi-me porque estava num sítio que eu simplesmente detestava, despedi-me porque me senti enganada, porque o que me venderam nas entrevistas a que fui foram oportunidades de progressão na carreira, motivação contínua e bom ambiente de trabalho, não estas chefes tiranas, esta desmotivação crescente e esta falta de recursos gigantescos. Não, não me despedi porque sou preguiçosa nem porque quero ir de férias - considero-me uma rapariga profissionalmente ambiciosa, adoro trabalhar, adoro ter um trabalho que eu adore e não me revejo minimamente nessa imagem de pessoa desmazelada e procrastinadora que quer ter o mês de Agosto inteiro para ir jiboiar na praia, torrar ao Sol e beber copos na Caparica. Despedi-me porque sou ambiciosa e quero melhor para mim.

Sei que os próximos tempos vão ser difíceis - não estou habituada a estar em casa, a não ter uma rotina que implique levantar-me de manhã com um propósito tão concreto como esse de fazer o meu melhor pela minha empresa, não estou habituada a passar o dia todo a olhar para o telefone e à espera de entrevistas e a sentir-me nervosa e ansiosa enquanto espero por respostas e triste e incapaz quando as negas começam a chover. Mas acredito que irei ultrapassar tudo isto e, como sempre, tenho já um plano B alinhavado - para o caso de tudo correr mal.

De mim dizem muitas coisas. Dizem que tenho mau feitio, que sou demasiado sensível, que tenho imensa imaginação, toneladas de persistência. Há quem diga que sou louca. Eu começo a concordar.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Nesta última semana, encontrei um telemóvel perdido e devolvi-o ao dono. Disse algo de simpático a alguém que às vezes até me mete nojo, mas que teve um azar dos grandes. Ofereci bolachas a um desconhecido esfomeado numa paragem de autocarro. Prestei um esclarecimento a alguém que não o tinha solicitado, mas que dele precisava. Fui bem educada para alguém por quem sentia uma vontade louca de esbofetear.

Ao Deus que cuida destas coisas, eu pergunto: terei já acumulado bom karma em quantidade sufiicente para arranjar um trabalho decente? Quando poderei voltar a ser uma cabra insensível?

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Uma pessoa acorda feliz e contente da vida, porque vai, pela primeira vez em meses, ter finalmente uma entrevista para um emprego na sua área de estudos. Sai de casa com quase uma hora de antecedência e passa meia hora perdida num bairro de uma zona suburbana de Lisboa à procura das instalações da empresa. Chega lá e descobre que, afinal, aquele emprego não tem nada a ver com a sua área de formação e é só mais um emprego precário e mal remunerado como todos os empregos precários e mal remunerados que a pessoa já teve até ao momento, só que disfarçado com outro nome. Pelo meio a pessoa tem de ouvir as habituais patacoadas: "Toda a gente tem de começar por baixo, eu próprio também comecei de baixo" (pois é amiguinho, mas eu já estou a começar de baixo há quatro anos, agora queria subir um pouco na vida), "Nós damos excelentes condições de trabalho, prémios monetários e possibilidades de progressão na carreira" (enganaram-me com essa uma vez - as condições de trabalho espectaculares que são proporcionadas por uma chefe que é a versão feminina de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, os prémios monetários virtualmente impossíveis de alcançar, as possibilidades de progressão na carreira que oferece uma empresa que em 23 anos de existência continua com um escritório com nove pessoas e para aí um efectivo - não me enganam a segunda vez), "Aqui damos aos comerciais a hipótese de progredirem e virem a recrutar outros comerciais" (pois, deve ser por isso que recrutam dezenas de comerciais e o escritório tem apenas uma pessoa). Uma pessoa acorda cedíssimo num dia de folga, perde a oportunidade de ter uma manhã de sono abençoado ao lado do seu homem, passa o dia a cabecear com o cansaço...tudo isto, para nada.

A quem estiver a considerar responder a um anúncio de recrutamento de Assistente de RH para a Autêntico Triunfo, não se metam nisso: o que eles querem são comerciais porta-a-porta, e não um profissional de Recursos Humanos, sim? Não têm de quê.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Na minha vida houve imensas coisas que fiz e que deixei de fazer por falta de segurança. Tenho um problema de insegurança que se agravou com o tempo e que me leva a perder oportunidades, a deixar de fazer, a deixar de dizer, a deixar de perguntar. Continua a acontecer. As pessoas que deviam acreditar em mim disseram-me muitas vezes que falharia. E eu, acreditando nelas, falhei. Houve vezes em que a coisa até deu certo mas não celebrei a vitória porque eles tinham a certeza que eu falharia e se calhar a opinião dos outros era, no fundo, a mais importante. A vida é difícil e eu agora faço as contas às oportunidades que perdi porque tinha medo. Porque ainda tenho medo. A falta de auto-estima é uma coisa complicada e eu tento dar à volta mas às vezes é difícil, muito difícil agarrar o touro pelos cornos e fingir que afinal até sei o que faço. Até quando? Nem eu sei.