terça-feira, 27 de novembro de 2012

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Tenho vivido com sérios problemas de canalizações. Moro numa casa que não é minha, num quarto alugado que espero em breve trocar por um T1 simpático e fácil de limpar numa zona de Lisboa onde chegue a Carris e o metro e não precise de pópo para me levar a nenhum lado. Acontece que a casa onde moro é daquelas casa lisboetas antigas, com divisões estranhíssimas (não se percebe o que é suposto ser sala nem o que é suposto ser quarto e a casa de banho é um apêndice da cozinha), o chão inclinado (cheira-me que um dia vamos todos com os porcos e acabamos dentro das casas dos vizinhos do lado), e canalizações antigas, que supostamente (SUPOSTAMENTE) levaram obras sendo que essas obras, a terem realmente acontecido, foram feitas por um idiota que achou por bem ligar todos os tubos que vão dar ao esgoto num único, o que significa que existe uma relação estranha entre a máquina de lavar roupa, o lava-louça, a banheira e o bidé. O que posto em miúdos significa que quando se lava roupa, a comida que caiu pelo lava-louça sai pela banheira e, mais recentemente, que quando se lava a louça a banheira enche de água e comida e terra e areia e sai o diabo e o inferno e o mundo inteiro pelo cano e a banheira enche de água que demora um dia inteiro a escorrer. A senhoria tem feito os habituais paliativos - desentupir a banheira seis vezes com seis produtos diferentes que é suposto serem cada um melhor que o outro, chamar cá o canalizador para meter uma vareta pelo ralo abaixo e dizer que os canos estão "muito entupidos", avisar-nos para não deitarmos comida pelo lava-louça (coisa que já ninguém faz), mas obrazinhas para manter esta casa num estado minimamente higiénico, nada. Compreendo que a vida não esteja fácil (se bem que sendo dona de três andares do prédio e com sete quartos alugados por quase 300€ cada, sem recibos, ela se viver mal é porque quer) e que se calhar para resolver o mistério da relação banheira-lava-loiça-bidé-máquina de lavar roupa  se calhar era preciso esburacar a casa toda e se calhar nem seria viável ter cá gente a viver nessa altura, mas chegar a casa à noite cansadíssima depois de um dia de aulas e trabalho, querer tomar um banho e encontrar a banheira cheia de caca até acima é no mínimo revoltante. Cá vou andando eu a fazer malabarismos para tentar tomar banho sem me encher de comida, não gritar com a senhoria e o filho quando os vejo (que são poucas vezes), e pensar que em comparação a minha renda até é baixíssima e que a localização da casa é espectacular e que pelo menos até acabar o curso tenho de ter paciência.

Será que já referi que a casa também não tem gás canalizado e que o meu fogão é uma placa eléctrica portátil com dois bicos que demora quarenta minutos a cozinhar uma panela de arroz?

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