sexta-feira, 24 de maio de 2013

Hoje, enquanto estava agarrada aos meus cadernos e à sebenta do ano passado a estudar para um exame, dei por mim a sentir saudades do trabalho. Já estou de férias há quase uma semana e ainda ontem lamentava o facto de os dias de "descanso" (digo descanso com as aspas porque não o tem realmente sido, há quatro exames para os quais preciso de me preparar) estarem a terminar, e de segunda-feira já voltar à rotina de ir para o emprego todos os dias, mas vá-se lá saber porquê hoje deu-me uma sensação repentina de que vou gostar de voltar. De que sinto falta de voltar. O conteúdo da memória foram principalmente os colegas, o riso infantil e sincero de um, o tom refilão mas ligeiramente de brincadeira de uma das chefinhas, o computador com a página aberta no próximo imbróglio que vou resolver. Foi só mesmo assim uma coisa passageira, rápida, uma ligeira sensação de conforto quando me lembrei do ambiente que me espera já segunda-feira, mas surpreendeu-me que com tanta coisa a acontecer, o curso a acabar, os problemas cá em casa e a grande vontade de fugir daqui, a demanda por um novo emprego, surpreendeu-me que mesmo assim eu consiga sentir essa saudade (ainda para mais espontânea) do meu emprego, que aos meus olhos e de toda a gente é assim tão pequenino e limitativo.

E sim, eu trabalho num callcenter. Não, não atendo chamadas, trabalho num backoffice, apesar de também poder estar a atender chamadas, hoje em dia raramente o faço. E não, está longe, muitooo longe de ser o meu emprego de sonho, mas parece que é possível gostarmos das coisas mais inusitadas. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Agora que procuro trabalho, sou inundada por uma sentimentos de incompetência e inadequação. Eu pareço não ter nenhuma das características que as empresas procuram. Com o passar da adolescência e uma série de experiências que me fizeram desconfiar das pessoas tornei-me um bocadinho bicho do mato. Sou a pessoa menos gregária e sociável deste mundo. Sou naturalmente tímida, introvertida, e com o tempo tornei-me reservada, mais observadora e cuidadosa em relação às pessoas com quem me dou. Não se trata de antipatia, é simplesmente um valorizar das relações com significado e um profundo repúdio pelas pessoas superficiais, falsas e desonestas. Tenho pouca paciência e energia para fingir que gosto de pessoas que eu obviamente detesto, para as conversas supérfluas e desinteressantes, para as facadinhas nas costas ("Ai eu gosto tanto de ti, ai eu sou tão tua amiga, mal vires as costas vou falar mal de ti àquela tipa que ambas odiamos"), para as pessoas que estão lá sempre que sorrimos e estamos bem dispostos e a palavra de ordem é diversão, mas que mal chega a hora da verdade nos viram as costas. Não tenho muita pachorra para estabelecer relações sociais supérfluas com pessoas que pouco ou nada me interessam, prefiro investir o meu tempo e energias nas pessoas que conheço, que adoro, que admiro por serem como são, que já me falharam mas que também já me deram inúmeras razões para continuar a incluí-las na minha vida. Sou péssima nessa coisa do networking e a estabelecer redes sociais, até porque nunca me passaria pela cabeça usar alguém de quem gosto ou a quem admiro para chegar a algum lado na vida - nunca, nunca, nunca! Tenho uma série de outras qualidades, sou determinadíssima, capaz de estabelecer prioridades e orientada para objectivos, preocupo-me com a justiça, interessa-me que todos se sintam bem, que todos recebam aquilo que devem na igual medida do seu esforço e da boa vontade por detrás das suas acções, mas parece que nenhuma empresa valoriza isto, não. Parece que toda a gente quer pessoas extrovertidas, comunicativas, tagarelas e com redes sociais extensas (juro que me parece impossível que alguém se dê bem, e goste sinceramente, da maioria das pessoas com quem se cruza diariamente). Vá, aquilo que eu tenho para oferecer talvez seja valorizado pelas pessoas de 50 ou 60 anos, mas parece que as pessoas que escrevem os anúncios de emprego acabaram de sair do liceu e andam todas à procura da miúda mais popular lá do sítio, que vai trazer mais resultados, alcançar mais coisas e trabalhar mais arduamente. E eu espero, espero que haja um cantinho para mim no meio desta salganhada que é actualmente o mercado de trabalho. Mas a coisa parece difícil..

domingo, 12 de maio de 2013



Depois de um Sábado a acordar cedo e passado a trabalhar, vou a meio de um Domingo onde acordei quase tão cedo como no Sábado e a tarde está a ser passada não no meu trabalho remunerado, mas ocupada com trabalho da faculdade. O resultado é que estou cheíssima de sono, e a preparar uma chávena de chá preto (sim, eu bebo chá mesmo no Verão. E uso o chá preto como substituto do café, que detesto) para ver se animo, que neste ponto a minha produtividade está próxima de zero. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

"Oh, como é divertido procurar emprego" (not)

A ansiedade pré e pós-entrevista, a frustração dos anúncios de emprego que anunciam apenas estágios não-remunerados e não empregos, a noção (tão clara) de que não se sabe nada e se vive a competir com gigantes, as perspectivas de um início de carreira que será árduo e pautado por sacrifícios que nunca imaginámos para nós. Eu, que preciso tanto, mas taaaanto de descansar, dou por mim em frente a um Verão  onde as minhas melhores hipóteses estão numa jornada diária com 13 horas de trabalho, sem garantias de nada a não ser cansaço, muito cansaço...

sábado, 4 de maio de 2013

E pronto: ontem à noite Dona Colega-de-Casa e Seu Marido presentearam-nos com nova discussão, desta vez com duração aproximada de uma hora e picos. Ela é um choro compulsivo, ele é palavras ditas entre-dentes e nomes feios (que eu felizmente não consegui ouvir, mas a tipa bem gritava "O que é que me chamaste??"), ela é "Tu vai-te embora, sai, vai embora, és um monstro!" (mas porque é que ela está sempre a correr com ele, e nunca acaba mesmo por mandá-lo embora?), ele é gavetas e portas a bater, uma musiquinha brasileira e interromper a cena (WTF?) e silêncio depois disto tudo. E eu, metida na cama, agarrada ao computador e a pensar se chamava a APAV, se me virava para o lado e tentava dormir ou se entrava pelo quarto deles dentro para os mandar calar. Acabei por esperar que se calassem para me deitar e tentar adormecer.

Devem ter começado a discutir logo a seguir ao jantar, porque acordei de manhã e a cozinha estava um caos, nem se deram ao trabalho de voltar a meter os tabuleiros do forno dentro do dito, nem lavar e arrumar os pratos, NADA. 

É que a mim nem me passa pela cabeça como é que essa gente não entende: eles moram num quarto alugado, numa casa partilhada com outras pessoas, que se calhar não querem nem têm de aturar as quezilhas deles! E nunca, nunca ouvi nenhum deles dizer "Vamos falar mais baixo/discutir para o outro lado que o resto da casa pode ouvir", não há pinga de bom senso naquelas cabeças (só Deus sabe o quanto eu odeio falta de bom senso).

É nestas alturas que me sinto abençoadíssima pelo namorado que tenho, e me apetece correr a abraçá-lo e enchê-lo de beijinhos. O maior defeito dele é ser por vezes meio autista, mas isso perdoo-lhe de boa vontade!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Tenho andado a conter-me, mas agora vou dizê-lo: odeio as minhas colegas de casa. Uma é uma tonta semi-bipolar que ora manda umas gargalhadinhas à histérica ora mal me fala quando dou de caras com ela e armou aqui casa com o namorado, a outra é uma labrega que ora fala mal da primeira ora está pra ali na cozinha agarrada a ela toda contentinha a conversar como se fossem as melhores amigas do mundo. Parecem-me as duas empenhadas em arranjar problemas com os senhorios, porque nós pagamos os quartos e eles não podem entrar aqui sem avisar e porque o congelador é pequeno e precisamos de uma arca frigorífica e etc etc etc. Pois, os senhorios não gostam de ter trabalho nem de gastar dinheiro, e viver num quarto alugado não é o mesmo que ter uma casa alugada, get used to it. Uma delas mora aqui com o namorado - sim, os dois num quarto alugado que é gigante mas não podem decorar à vontade, e é uma seca viver para aqui com um casalinho de namorados. Eu estou mortinha para me mudar, mas por agora as circunstâncias (€€€) não o permitem e, apesar da infelicidade que é viver num quarto que nem sequer apanha luz, enquanto cá estou sempre vou poupando dinheiro. Mas confesso que tenho uma enorme vontade de me pisgar daqui e alugar outro quarto só por mais uns meses.