sexta-feira, 29 de março de 2013

Um dia...

Um dia, eu vou poder dizer que já morei num T0 com a minha avó.
Um dia vou poder dizer que já vivi em quartos alugados, em casas partilhadas com pessoas desconhecidas onde entrava e saía gente que não conhecia de lado nenhum a qualquer hora da noite ou do dia, à mercê de senhorios que dizem que disseram o que não dizem, que dizem e desdizem e se dobram ao contrário para arranjar maneira de chular mais dinheiro a uma pessoa.
Um dia vou poder dizer que morei em casas com problemas de canalização, e de humidade, e de desarrumação, e de má vizinhança.
Um dia vou poder dizer que houve uma altura em que não pude comprar tudo o que queria, nem ir a todos os sítios onde queria, porque tinha de estar sempre atenta ao dinheiro, que para além de chegar para os gastos tinha também de sobrar para as eventualidades.
Um dia vou poder dizer tudo isto enquanto estou sentada numa casinha linda, confortável, minha, rodeada de coisas lindas, compradas por mim, com o dinheiro que ganho por fazer algo de que gosto.
Um dia.
Daqui a um ano, daqui a dez anos.
É o objectivo mais forte por agora. Ter um lar, que é o mesmo que ter segurança.
E eu trabalho para que esteja cada vez mais perto.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Ai humorzinho!

Que este tempo é chato, chato, chato, lá isso é! Não há maneira de aparecer um solzinho para poder secar a roupa e dar uns passeios sem andar com o chapéu de chuva atrás e ficar com a roupa toda empapada. E eu que tenho esta semana e meia de interrupção das aulas e parece que não vou conseguir ocupar o tempo livre a fazer nada do que goste! É um trabalho de Economia que é um monstro (não entendo nada do que é suposto fazer), um trabalho de Gestão da Qualidade que é uma seca, um teste que é uma seca também...sempre ocupada com uma coisa ou com outra! Estou a ver que estas férias vão acabar e eu nem um passeio a um sítio agradável, nem fotos com a máquina nova..que vida!

terça-feira, 26 de março de 2013

Agora que estou de férias ("férias") da faculdade tenho tido algum tempo para pensar e cada vez mais me preocupo com o que vai acontecer quando acabar o curso. Que quero trabalhar na minha área ou pelo menos em qualquer coisa que eu goste mais não é dúvida nenhuma, só que começo finalmente a confrontar-me a mim mesma com a dificuldade que vai ser arranjar qualquer coisa decente sem ter experiência de trabalho na minha área de estudos. E cá me mentalizo que vou ter de começar por estágios e coisinhas meio indefinidas até conseguir algo assim mais-ou-menos estável (e eu já considero que um contrato a termo é mais-ou-menos estável). As oportunidades, existem sim, muitas de má qualidade e em regime de precariedade mas são sem dúvida o trampolim para coisas melhores, mas eu, que já não vivo com os pais, que já construí a minha independência, que luto cada vez mais por ter o meu cantinho, tenho de ser criteriosa com o que arranjo, que não posso mesmo ficar sem tecto. Os meus colegas, que ainda vivem com os pais, que não têm sequer planos para abandonar o lar materno, que têm uma vida tão descomplicadinha, irão de certeza aproveitar muito mais oportunidades que eu. Mas eu, eu tenho de ser criteriosa, não posso ficar sem meio de sustento e a melhor oportunidade que se me depara é um estágio par-time e depois talvez um pulo em direcção a algo ligeiramente melhor. Mas a vida fica mais complicada quando não se pode experimentar empregos, estágios, saltar de empresa em empresa até encontrar algo que nos seja adequado.

Estou a ver isto um bocado sem saídas, ou talvez a única saída possível seja um cansaço maior. Mas a ver vamos. E eu sou menina de acreditar que tudo se resolve. Nem que seja mais uns meses de sacrifício e a ausência de férias de Verão só para ganhar um pouco de experiência e ver o que depois consigo arranjar. Eu a algum lado hei de dar. Sim, a algum sítio hei de chegar.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Esta história de ter de tratar pela primeira vez do IRS sozinha está me a dar cabo do juízo. Hoje lá fui ao portal das finanças para pedir a senha para a entrega online. A coisa começou logo mal, porque aquela trampa diz que a morada que estou a inserir não bate certo com a morada associada ao meu número de contribuinte. E porquê? Porque o sistema de validação de moradas é tão inteligente que a inserção é manual e se eu insiro a morada de maneira diferente do que está lá registado, já não vai bater certo (outro dos pontos fortes da coisa é aquilo não ter um exemplo de como devemos registar a morada. Sabia lá eu que era pra pôr também o código postal!). A segunda coisinha boa foi o facto de a linha de apoio ao cliente daquilo ser paga, e eu ter gasto todo o dinheiro que tinha no telemóvel a ligar pra lá e acabar só com o assunto semi-resolvido porque a chamada caiu (fiquei sem saldo!!!).

Resolvida a questão da morada com um telefonema à mamã, que lá me explicou como tinha posto a nossa morada na última declaração de IRS, consegui-me registar para pedir a senha. Eis então que recebo no telemóvel uma sms com um código para ir validar o meu número de telemóvel no portal. Ora acontece que a confirmação de contactos é uma funcionalidade de acesso a utilizadores registados, e eu não consigo validar o meu número sem ter a minha senha, que só vai chegar por carta daqui a 5 dias úteis, e agora estou pra aqui a pensar se preciso mesmo de validar primeiro o meu telemóvel antes de poder receber a senha, e que se calhar era bom ligar pra linha de apoio ao cliente a perguntar o que faço agora, mas que nem isso posso fazer que já não tenho dinheiro no telemóvel!!!

Eu estou mesmo a ver que vou ter de perder um dia inteiro metida no raio de uma repartição das finanças só para pedir a porcaria da senha! O problema é que eu não tenho tempo pra isso!! Eu estudo e trabalho, passo cerca de 14 horas por dia fora de casa, agora até estou de férias da faculdade durante uma semana mas mal volte às aulas tenho dois trabalhos e um teste à minha espera, eu não tenho tempo para estas aventuras!! Eu quero ser boa cidadã, quero pagar o que devo,mas vocês tornam isto tudo tão difícil!!! Porque é que não podia ser tudo simplesmente retido na fonte??? Mas porque não caraças??????????  Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

sábado, 16 de março de 2013

Porque é que a loiça para lavar tem o dom da multiplicação?
Porque é que faz mau tempo precisamente na altura em que mais precisamos de lavar roupa?
Porque é que o aspirador é um veículo tão grande e difícil de manobrar?
Porque é que na melhor toalha de cozinha cai a nódoa mais difícil de limpar?
Qual a atracção secreta entre o pó e os móveis?
A roupa não poderia simplesmente arrumar-se sozinha?
Não se pode mesmo atirar com a roupa indiscriminadamente para a máquina de lavar?

Apenas algumas dúvidas existenciais.

terça-feira, 12 de março de 2013

Dia de folga do trabalho

Pareciaaa.

Passei a tarde toda ocupada com um trabalho da faculdade para apresentar amanhã, limpeza da casa, dobragem e arrumação de roupa, jantar para mim e para o homem e demanda infrutífera por um estendal portátil nas lojinhas aqui da zona. E chama-se a isto dia de folga.

domingo, 10 de março de 2013

Acabei de chegar à conclusão de que uma mulher asseada e responsável gasta, sensivelmente, duas horas do seu dia em tarefas relacionadas com a lida doméstica. Estamos a considerar a preparação de uma única refeição por dia (ao fim de semana serão duas; e estou a partir do princípio de que o almoço é tomado no trabalho), subsequente limpeza da louça usada e de toda cozinha (eliminação completa de vestígios de nódoas de comida do fogão, lava louça, toalha de mesa, chão e etc.), arrumação da dita louça nos respectivos armários e gavetas (mulher asseada não deixa louça no escorredor), um banho diário e subsequente arrumação da casa de banho e roupa usada (atirar as meias sujas para cima da cadeira do quarto não conta!), fazer a cama e arrumar/limpar aquelas pequenas coisas que frequentemente aparecem fora do sítio/sujas sem que ninguém perceba o que aconteceu (umas manchas escuras no chão do hall de entrada, uma almofada fora do sítio, um tapete cheio de pó). Vamos partir do princípio que a dita mulher asseada e responsável gasta 9 horas do seu dia no trabalho (preguiçosa, hoje em dia trabalhar 9 horas é pra fraquinhos), mais 2 horas em deslocações (ir-para-o-trabalho e voltar-do-trabalho-para-casa, 1 hora para cada lado), ora com as duas horas de trabalho doméstico já vamos em 13 horas do dia ocupadas. Que acontece às restantes onze horas do dia? 7 delas serão sensatamente gastas a dormir (e eu estou a ser sovina; qualquer pessoa adulta saudável deveria dormir no mínimo oito horas por dia), portanto já só sobram 4 horas. Atendendo ao facto de que 5 dias da semana exigirão a realização de tarefas de lavagem, secagem e engomagem de roupa ou visitas ao supermercado, o que ocupa aproximadamente 1 hora, sobram apenas 3 miseráveis horas para actividades lazer.

Posto isto, tenho a dizer que eu não quero ser uma mulher asseada e responsável. Quero uma mãe que trate de tudo por mim ou um trabalho que não me ocupe mais que cinco horas do dia. Se faz favor e obrigada.

sábado, 9 de março de 2013

É possível que eu esteja a ficar velha. A alegria do dia de hoje foi ir ao mercado comprar filetes de peixe espada branco, e saber que hoje ao almoço vou comer peixinho acabado de apanhar há umas horas (confio eu que assim seja!). A segunda alegria do dia foi comprar uma panela com antiaderente decente. Agora tenho fé que o arroz não cole pelos cantos como acontece nas panelas de alumínio rasca que tenho cá por casa. A terceira alegria foi ter-me apercebido que hoje ainda não choveu e que está um solinho bom e que se calhar dava pra lavar os panos da cozinhar e secar alguma coisa (esta terceira alegria rapidamente caiu por terra quando fui ao site do Instituto de Meteorologia. É que hoje à tarde chove).

Fiquei de tal forma abatanada com o que paguei pelos filetes de peixe espada que saí do mercado sem espreitar as ervas aromáticas, tão difíceis de comprar a granel no supermercado. Se não o dia teria tido uma quarta alegria. 

Mas eu tenho 21 anos. Quase 22. Devia ficar feliz por curtir com alguém numa discoteca, não por ir comprar peixe fresco. Mas não faço nenhuma das duas coisas, nem curtir com gajos, nem ir à discoteca. Isto em parte porque ao Sábado tenho de acordar cedo para ir ao mercado, e em parte porque já tenho namorado.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Como não bastasse o ter deixado ontem roupa estendida lá fora e algures durante a noite São Pedro ter-se lembrado que estava chateado com os lisboetas, ter vindo para casa "abrigada" deixado de um guarda chuva que insistia em virar-se ao contrário, ter tentado dar com o secador na roupa na esperança de que ela passasse do estado "encharcada" a "húmida" e ter acabado com roupa pendurada na cabeceira da cama em estado "ligeiramente encharcada" e estar sem luz no quarto desde Sábado, deixei o telemóvel do meu namorado cair na sanita. Estou a tentar resolver a coisa sem que ele descubra. A verdade é que o aparelho, quando o tirei da sanita, estava a funcionar (ou pelo menos parecia estar, se bem que aquela coisa já não está bem a 100%), mas entretanto ficou sem bateria, liguei-o ao carregador, aquela luzinha de "bateria em carga" acendeu-se, eu por momentos fiquei aliviada e feliz, entretanto peguei nele para o ligar e nem sinal de vida. Tenho sinceramente medo que tenha estragado o bicho de vez. Nas minhas mãos aquele aparelho já foi ao chão umas duzentas vezes, sempre sem o conhecimento do rapaz como é óbvio, não é culpa minha ter nascido mãos de manteiga. E eu até já deixei cair o meu Nokia touch na sanita, e ele voltou a funcionar (é o que dá ter as coisas nos bolsos do casaco quando se vai à casa de banho). O do meu namorado é um Nokia velhinho, já a cores mas velhinho, por isso estou com fé que se o meu touch resistiu, o dele também resiste, afinal uma pessoa quando compra um Nokia está à espera de uma coisa que sobreviva a uma ogiva nuclear. Não está à procura de um software espectacular, montes de aplicações fixes e mil funcionalidades que nunca na vida há de usar, mas sim de resistência - é essa a imagem de marca da Nokia. E por isso eu tenho fé que o bicho recupere. E tem mesmo de recuperar.

O que vale é que tudo se resolve. Quando deixei cair o meu telemóvel na sanita um amigo meu que estuda informática disse-me que leu no site da Nokia (estão a ver o esquema? um amigo meu que estuda informática disse que leu no site da Nokia...) que se um telemóvel caía dentro de água o melhor a fazer era desmontá-lo todo e metê-lo dentro de uma caixa de arroz, porque o arroz absorve bem a humidade. O menino do meu namorado já está desmontadinho e metido na caixa de arroz, isto depois de ter levado assim ligeiramente com o secador. E a minha pessoa já foi ao Continente consolar-se com uma tabelete de chocolate. Daquelas que apesar de saberem bem me fazem dores de barriga. Por isso eu sinto-me assim ligeiramente pior que há uma hora atrás, quando não estava metida na casa de banho a enfiar o braço dentro da sanita. Mas eu tenho fé na Nokia. Ponho nas mãos deles a minha vida. E se me desiludem volto à Sony Ericson. A sério que volto.

Falta pouco

Em Junho estaremos todos licenciados e tudo o que se fala na minha turma anda à volta da pergunta da praxe: "Que vais fazer a seguir?". E não foram uma, nem duas, nem três as pessoas que me encorajaram a fazer mestrado. Inclusivamente os professores me dizem que devo fazê-lo e que esperam ver me por aí num mestrado. Mas não vai acontecer. E estou tão certa sobre isso que não deixo que ninguém me faça sequer repensar a escolha. Estou cansada. Cansadíssima. Isto de trabalhar, estudar e ser dona de casa é para lá de exaustivo. E eu sinto que estou a caminhar ali mesmo pertinho do meu ponto de exaustão. É o mau humor crónico, a dificuldade em adormecer, as olheiras, o cansaço extremo, tudo o que me mostra claramente que mais um bocado e a corda parte. A vontade de atirar os livros ao ar e deixar os professores ir pregar a peixes diferentes fala alto, muito alto. E a vontade de deixar os quartos alugados e passar às casas alugadas é muita, muita mesmo. Não paro de sonhar com decorações, sofás, almofadas, electrodomésticos, não paro de sonhar com as coisinhas boas que vou cozinhar quando tiver uma cozinha decente só para mim e tachos e panelas que sejam meus, escolhidos por mim e de boa qualidade. A vontade de estudar também existe, mas a vontade de continuar a ter aulas e trabalho todos os dias é nula. E fala muito mais alto.

Por isso não, eu não vou fazer mestrado. Acabou-se a vida de chegar a casa às onze da noite e ainda agarrar nos livros para ir estudar até às tantas, acabou-se a alimentação exclusivamente à base de fritos e porcarias nas épocas de exames e as pilhas de roupa que se acumulam por todo o lado quando para além do emprego também há trabalho da faculdade para fazer. E eu só quero que Junho chegue para poder respirar novamente.

sábado, 2 de março de 2013

Tenho tamanha facilidade em baralhar-me a mim mesma que consegui perder-me nas ruas de Lisboa  no street view do google maps. A sério.