segunda-feira, 4 de março de 2013

Falta pouco

Em Junho estaremos todos licenciados e tudo o que se fala na minha turma anda à volta da pergunta da praxe: "Que vais fazer a seguir?". E não foram uma, nem duas, nem três as pessoas que me encorajaram a fazer mestrado. Inclusivamente os professores me dizem que devo fazê-lo e que esperam ver me por aí num mestrado. Mas não vai acontecer. E estou tão certa sobre isso que não deixo que ninguém me faça sequer repensar a escolha. Estou cansada. Cansadíssima. Isto de trabalhar, estudar e ser dona de casa é para lá de exaustivo. E eu sinto que estou a caminhar ali mesmo pertinho do meu ponto de exaustão. É o mau humor crónico, a dificuldade em adormecer, as olheiras, o cansaço extremo, tudo o que me mostra claramente que mais um bocado e a corda parte. A vontade de atirar os livros ao ar e deixar os professores ir pregar a peixes diferentes fala alto, muito alto. E a vontade de deixar os quartos alugados e passar às casas alugadas é muita, muita mesmo. Não paro de sonhar com decorações, sofás, almofadas, electrodomésticos, não paro de sonhar com as coisinhas boas que vou cozinhar quando tiver uma cozinha decente só para mim e tachos e panelas que sejam meus, escolhidos por mim e de boa qualidade. A vontade de estudar também existe, mas a vontade de continuar a ter aulas e trabalho todos os dias é nula. E fala muito mais alto.

Por isso não, eu não vou fazer mestrado. Acabou-se a vida de chegar a casa às onze da noite e ainda agarrar nos livros para ir estudar até às tantas, acabou-se a alimentação exclusivamente à base de fritos e porcarias nas épocas de exames e as pilhas de roupa que se acumulam por todo o lado quando para além do emprego também há trabalho da faculdade para fazer. E eu só quero que Junho chegue para poder respirar novamente.

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