quarta-feira, 16 de julho de 2014

Uma pessoa acorda feliz e contente da vida, porque vai, pela primeira vez em meses, ter finalmente uma entrevista para um emprego na sua área de estudos. Sai de casa com quase uma hora de antecedência e passa meia hora perdida num bairro de uma zona suburbana de Lisboa à procura das instalações da empresa. Chega lá e descobre que, afinal, aquele emprego não tem nada a ver com a sua área de formação e é só mais um emprego precário e mal remunerado como todos os empregos precários e mal remunerados que a pessoa já teve até ao momento, só que disfarçado com outro nome. Pelo meio a pessoa tem de ouvir as habituais patacoadas: "Toda a gente tem de começar por baixo, eu próprio também comecei de baixo" (pois é amiguinho, mas eu já estou a começar de baixo há quatro anos, agora queria subir um pouco na vida), "Nós damos excelentes condições de trabalho, prémios monetários e possibilidades de progressão na carreira" (enganaram-me com essa uma vez - as condições de trabalho espectaculares que são proporcionadas por uma chefe que é a versão feminina de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, os prémios monetários virtualmente impossíveis de alcançar, as possibilidades de progressão na carreira que oferece uma empresa que em 23 anos de existência continua com um escritório com nove pessoas e para aí um efectivo - não me enganam a segunda vez), "Aqui damos aos comerciais a hipótese de progredirem e virem a recrutar outros comerciais" (pois, deve ser por isso que recrutam dezenas de comerciais e o escritório tem apenas uma pessoa). Uma pessoa acorda cedíssimo num dia de folga, perde a oportunidade de ter uma manhã de sono abençoado ao lado do seu homem, passa o dia a cabecear com o cansaço...tudo isto, para nada.

A quem estiver a considerar responder a um anúncio de recrutamento de Assistente de RH para a Autêntico Triunfo, não se metam nisso: o que eles querem são comerciais porta-a-porta, e não um profissional de Recursos Humanos, sim? Não têm de quê.

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