segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tenho o azar de a mãe do meu namorado trabalhar num restaurante, o que significa que é exímia cozinheira, e que o rapaz está habituado a comidinha da boa e da melhor. Eu nem sou má cozinheira (ou pelo menos não o era, nos tempos em que tinha uma cozinha verdadeira e não esta treta de cozinha pré-fabricada com fogão portátil e mini forno eléctrico), mas ao pé da mãe do meu namorado é claro que não passo de uma aspirante muito mázinha. Se quisermos pôr a coisa em metáforas, a mãe dele é um restaurante estrela Michelin e eu sou uma tasca de berma de estrada no Canal Caveira - consola o estômago e ninguém sai de lá insatisfeito, mas vai se lá por conveniência, porque é a coisa que está mais à mão quando se pára o camião para fazer uma pausa na viagem a caminho do Alentejo, ninguém suspira por lá voltar. Ainda bem que o moço engraçou logo comigo, porque qualquer tentativa de o conquistar pelo estômago seria uma anedota falhada. Ontem, na minha melhor boa vontade, tentando mostrar-me namorada disponível e prendada, cozinhei-lhe uma lasanha. Depois de olhar para aquilo percebi que o namoro estava por um fio. Logo por azar, o queijo ralado que pus por cima é de uma espécie que ele não gosta. Também não acertei no queijo que ele normalmente gasta, nem no tipo de hamburgueres que gosta (vou parar de chorar agora). Ele diz que gostou da lasanha, que apesar do queijo estava boa, mas cheira-me que havia ali um toque de insinceridade. E eu nestas coisas sou daquelas raparigas à moda antiga que acha que uma mulher deve saber fazer um assado no forno e preparar um fricassé de galinha. Olhei para a minha lasanha e lembrei-me da minha avó, também ele excelente cozinheira, e lembro-me que um dia lhe perguntei como é que ela cozinhava tão bem. Ao que ela respondeu que quando casou não sabia cozinhar nada e que andava sempre com os livros de culinária para trás e para a frente e que foi aprendendo sozinha. Por isso, não vou desistir. Esta rapariga vai se tornar excelente cozinheira e preparar travessas de bacalhau com natas de fazer chorar um santo. Em honra à minha avó, eu não vou desistir.

Sem comentários:

Enviar um comentário