segunda-feira, 1 de julho de 2013

Lisboa, Lisboa

Eu tenho uma relação de amor-ódio com esta cidade. Em abono da verdade se diga, ultimamente a relação é mais de ódio que de amor. Penso que o meu principal ressentimento tem a ver com a dificuldade de encontrar condições de vida dignas nesta cidade quando se tem recursos financeiros escassos. São os senhorios desonestos e que só querem aproveitar-se para chular dinheiro e que ainda acham que nos fazem um enorme favor por nos deixarem viver num quarto alugado ilegalmente numa casa velha e a cair de podre. Depois há um rol de imensos outros problemas: são as ruas desarrumadas, sujas, a salganhada de prédios de estilos arquitectónicos tão díspares, as ruas cheias de pessoas idosas que vivem como se toooooda a gente tivesse toooodo o tempo do mundo, os vizinhos de idade cuja única preocupação nesta vida é o que se passa dentro da casa dos outros, as passadeiras que abrem durante 3 segundos para os peões e 5 minutos para os carros, o constante apelo ao consumismo e a falta de sítios agradáveis para passear (em Lisboa, tudo o que há de interessante para fazer implica gastar dinheiro), o vaivém de gente que está a ir ou a vir do trabalho (mesmo que seja o meu dia de folga, sou imediatamente transportada para o escritório), enfim. Cidade caótica, desarrumada, tão cheia e simultaneamente tão vazia. Apesar disso, não consigo deixar de guardar no coração os edifícios bonitos, as avenidas largas, os recantos por descobrir, os restaurantes simpáticos. Mas sem dúvida que Lisboa é muito melhor para visitar do que para viver.

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