terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Faculdade, a quanto me obrigas

Se há coisa que eu detestei no ensino obrigatório e que me fez estar mortinha por chegar à faculdade, foi a falta de autonomia. Sempre gostei de orientar o meu estudo, de ter o meu próprio método, adequado ao meu ritmo e às minhas necessidades, de ir mais além, de procurar onde o Professor não mandou procurar, de saber mais do que apenas o que o Professor disse na aula e de chegar às minhas próprias conclusões. Chegar à universidade e ser "atirada aos leões" com Professores que põem na frequência matéria que não deram em aula (mas que está na bibliografia), que não dão fotocópias dos livros (tirem vocês se quiserem), que às vezes até explicam mal e porcamente e a gente que se amanhe para entender. Tudo o que a malta não gosta e que considera um entrave à adaptação na faculdade (e que serve de justificação para eventuais notas mais baixas no primeiro ano), eu adoro. A liberdade para gerir o meu tempo, o meu estudo, a minha aprendizagem e em última instância tomar as rédeas daquilo que me fará crescer enquanto profissional.

Eu este ano dou por mim presa num grupo de trabalho e que acha que a autonomia é a pior invenção desde os reality shows. Sim, têm boas cabeças, uma excelente capacidade de planeamento que eu não tenho, mas eu odeio, odeio mesmo, viver agarrada ao trabalho do ano passado e eternamente dependente do feedback do Professor. Não se pode fazer nada que não esteja exactamente assim no livro, que não seja igual no trabalho daquele grupo que no ano passado teve 16, que o Professor não aprove. Já desisti de tentar meter ao barulho as minhas ideias, "porque no trabalho do ano passado não está assim" e "no livro vem diferente". Ainda estou a tentar descobrir onde é que no meio daqueles trabalhos vai estar o nosso cunho pessoal. É que fazer um trabalho, para mim, é a melhor oportunidade para pensar de forma autónoma. Não gosto de fazer exactamente o que os outros fizeram. Gosto de pensar por mim mesma, de encontrar as minhas próprias soluções, de arranja respostas novas para velhos problemas. Gosto de fazer o que acho correcto e ver que nota isso me dá, ver o que o Professor, enquanto pessoa mais experiente quer no mercado de trabalho quer no corredor da faculdade, achou da minha perspectiva e da minha abordagem a um tema que regra geral é sempre o mesmo (na maior parte das cadeiras os trabalhos não mudam muito de ano para ano). Claro que os trabalhos do ano passado ajudam sempre a orientar o trabalho deste ano, e quando se chega àquele momento em que não temos bem a certeza se estamos no bom caminho há que pedir orientação ao Professor, mas longe de mim ir todos os dias chatear alguém a perguntar se "isto está bem?" e "isto está bem?" e "diga lá o que acha disto". E sim, é o Professor que dá as notas, e fazer tudo tal e qual como o Professor quer é capaz de garantir uma boa nota e notas bonitas ficam sempre bem no currículo mas, quando eu entrar para uma empresa, vai ser o Professor que se vai sentar lá a trabalhar por mim? Pois, não me parece.

Serve tudo isto para dizer que eu este ano tenho muito pouco orgulho nos trabalhos de grupo que estou a fazer.  Não são nada meus, não são nossos, não têm nada de novo nem arriscado nem original. E eu, mais que boas notas, gosto de ter orgulho nas minhas ideias.

Sem comentários:

Enviar um comentário